sexta-feira, 11 de julho de 2008

MARCO EVOLUTIVO na Europa

É com grande felicidade que comunico que durante o mês de Julho estarei participando de dois congressos internacionais sobre comportamento humano na Europa.

Apresentarei trabalhos em colaboração com José Henrique Ferreira e nossa orientadora Dra. Vera Bussab (1;2;3;4) tanto no XIX Bienal International Conference of the International Society for Human Ethology, que acontecerá na Bolonha, Itália, entre os dias 13 e 17 de julho, quanto no XXIX International Congress of Psychology, em Berlim, Alemanha, entre os dias 20 e 25 de julho.

Muitos outros pesquisadores brasileiros de diferentes estados, entre professores e alunos de pós-graduação, membros do Instituto do Milênio de Psicologia Evolucionista (CNPq) farão parte da participação brasileira apresentando pesquisas em Psicologia Experimental, Etologia Humana e Psicologia Evolucionista.

A International Conference of the International Society for Human Ethology acontece de dois em dois anos e abrange trabalhos de Etologia Humana e de Psicologia Evolucionista.


Especialmente nesse encontro será a ocasião da comemoração do 80º aniversário de Irenaeus Eibl-Eibesfeldt, simplesmente o fundador da Etologia Humana no mundo. Famoso por suas fotos e filmagens de expressões faciais e posturas por meio de sua engenhosa câmera que, por meio de um jogo de espelhos, captava pessoas agindo naturalmente ao lado e não à frente das lentes. Além disso, a conferencia da ISHE será na Universidade de Bolonha considerada por alguns historiadores como a mais antiga universidade ocidental datando do ano de 1088. O programa completo, bem como a participação específica de cada brasileiro pode ser acessado aqui.

O International Congress of Psychology, que ocorrerá pela terceira vez em Berlin, é promovido pela International Union of Psychological Science (IUPsyS). Ele é simplesmente o maior e mais diverso congresso de Psicologia do mundo atingindo mais de 8.000 participantes de mais de 100 países diferentes e representa uma oportunidade especial para trocas pessoais de informação sobre estado atual da Psicologia, inclusive sobre Psicologia Evolucionista, que no congresso está situada na área de comportamento animal. O programa completo do XXIX ICP pode ser acessado aqui.

Agradeço apoio do CNPq, do IP-USP e do Instituto do Milênio de Psicologia Evolucionista.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Psicologia Evolucionista e Natureza Humana

A Psicologia Evolucionista (que muitos confundem com psicologia evolutiva, ou seja, psicologia do desenvolvimento) é uma área que mais cresce no mundo e no Brasil. Infelizmente muito das críticas negativas a ela está embasada em entendimentos errôneos, preconceitos e noções simplistas equivocadas sobre como o fator biológico se manifesta no comportamento humano e quais são suas implicações sociais.

Sugiro às pessoas que antes de despejarem seus “ismos” indignados: biologismo, determinismo, sexismo, naturalismo, reducionismo, fatalismo, conformismo entre outros, leiam o texto sobre se nós somos realmente dominados por nossos genes ou apenas por mal-entendidos. E descubram quantas noções preconceituosas sobre a natureza humana temos enraizadas.

Os livros que estão mais voltados para resolver esses entendimentos equivocados são o O Que Nos Faz Humanos de Matt Ridley e o Tabula Rasa de Steven Pinker. Nesses livros uma coisa fica bem clara, que nossa velha noção sobre a natureza humana é uma das coisas que devemos desaprender e deixar muito dos preconceitos que impedem nosso entendimento sobre a Psicologia Evolucionista para trás.


E o programa "Coisas que nunca deviamos aprender" sobre Psicologia Evolucionista, em espanhol, que veremos abaixo, trata justamente da questão das novas noções sobre a natureza humana que estão desafiando concepções pautadas em entendimentos equivocados. Com a participação de Steven Pinker, ricamente ilustrado e com uma discussão final sobre as mudanças de paradigmas este programa tem três vídeos bem interessantes.

No primeiro vídeo veremos a discussão sobre nossa tendências agressivas e medos de cobra, sobre a antiga visão da tabula rasa, as inter-relações entre natureza e criação, as ligações com o projeto genoma e com a discussão das células tronco, veremos ainda que existe um grande preconceito frente as sociedade de caçadores coletores tribais, mas na verdade as habilidades mentais são as mesmas em todas culturas.

No segundo vídeo serão discutidas as diferenças entre homens e mulheres, seu desenvolvimento ontogenético, as influências mútuas entre cultura e circuitos cognitivos inatos, veremos que os seres humanos não têm menos se não mais instintos do que os outros animais, e como exemplo a linguagem, os tabus sexuais, ainda veremos as diferencias entre os sexos nas estratégias sexuais e o movimento hippie enquanto mais uma utopia sexual.


No último vídeo veremos o mal-entendido da suposta impossibilidade de mudança social, analisaremos a tabula rasa para perceber que diferença não é desigualdade, e na conversa final teremos a discussão sobre a revolução científica e as mudanças de paradigmas. E mudança é o que está acontecendo em todo o mundo quando se fala da natureza humana, pois a "natureza humana nunca foi rasa e está começando a ser lida".






terça-feira, 1 de julho de 2008

150 anos da Seleção Natural!


Poucos sabem que o dia 1º de Julho é um marco evolutivo da história da Biologia. Como vimos em o 2009 o Ano da Biologia estamos dando início às comemorações sesquicentenárias da perigosa idéia que revolucionou o modo como vemos os seres vivos, inclusive a nós mesmos. Hoje é o aniversário de 150 anos do anúncio público da Seleção Natural de Darwin e Wallace.

Existem pelo menos três aniversários de 150 da Seleção Natural em 2008. Tem a descoberta independente da Seleção Natural por Wallace durante uma grande febre em fevereiro de 1858; tem o anúncio público da idéia conjunta na Sociedade Linneana em 1º de Julho de 1858; e tem a publicação dos artigos de Darwin e Wallace sobre a Seleção Natural em 20 de agosto de 1858. Estamos no meio dos aniversários.

Na noite de 1º de Julho de 1858, há 150 anos, ocorreu um evento que foi um dos maiores divisores de água da história do conhecimento. Os membros da Sociedade Linnean de Londres em Piccadilly ouviram dois fragmentos não publicados sobre a evolução, escritos pelo famoso naturalista Charles Darwin, e um artigo meticuloso escrito por um desconhecido, Alfred Russel Wallace. Nem Darwin nem Wallace estavam presentes. Darwin ficara em sua casa na Inglaterra em luto pela morte de um filho de febre escarlate e Wallace estava na distante Nova Guiné, caçando borboletas e besouros.

O texto com os artigos de Darwin e Wallace escrito no dia 30 de junho chama-se "On the Tendency of Species to form Varieties; and the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection" A comunicação para a Sociedade Linnean foi feita pelo botânico Joseph Hooker e pelo geólogo Sir Charles Lyell, ambos amigos de Darwin, que reuniram documentos de ambos mostrando que a descoberta da Seleção Natural foi feita independentemente por Darwin e Wallace.

Hoje ocorrerá um evento na Sociedade Linneana para marcar a leitura dos artigos de Darwin e Wallace a 150 anos atrás. É interessante notar que o grosso das comemorações sesquicentenário ocorrerá em 2009, devido ao ano da publicação do “Origens das Espécies”, 1859. Muito da importância de Wallace vem sendo negligenciada, segundo comentaristas na Nature em fevereiro desse ano. Existe sim um “darwincentrismo” na história da Biologia que muito prejudica o brilhantismo de Wallace. Um outro comentarista na Nature explica o “darwincentrismo” dizendo que: o “Origens das Espécies” era muito mais detalhado e ficou imensamente famoso; o termo Darwinismo foi cunhado pelo próprio Wallace em reconhecimento a prioridade da Darwin na descoberta; e Wallace no final de sua vida confessava sua crença em milagre e na espiritualidade, posturas que minaram sua credibilidade científica. Mas mesmo assim sugere que tratemos a Seleção Natural como o Darwin-Wallace princípio da Seleção Natural para dar o devido reconhecimento para ambos.

Em todo caso, todos concordam que a idéia da Seleção Natural é tão poderosa que se assemelha a um ácido universal que corroi tudo o que toca. Todas as crenças cosmológicas que partiam de uma mente superior que cria toda a complexidade de cima pra baixo foi dissolvida pelo poder cego e não-intencional da Seleção Natural em criar a complexidade biológica de baixo pra cima.

E cego mesmo foi o presidente da Sociedade Linnean, Thomas Bell, que escreveu em seu relatório anual de 1858 que o ano "não foi marcado por qualquer daquelas descobertas que faz uma revolução instantânea no departamento de ciências no qual ocorre".


Parabéns Seleção Natural, parabéns Darwin e Wallace porque hoje a festa é de todos os seres vivos! Vejam o vídeo sobre a Seleção Natural e os vários entendimentos errôneos.