domingo, 24 de fevereiro de 2008

2009 - Sua cabeça estará em Darwin ou nas estrelas?



Apesar do recente eclípce total da lua ter deixado muitos com a cabeça nas estrelas (inclusive eu), o MARCO EVOLUTIVO está engajado a fazer com que as pessoas fiquem com a cabeça em Darwin. Fico feliz que um texto deste site intitulado 2009 o "ANO DA BIOLOGIA" atraiu a atenção do Administrador da Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia. Ele veio nos dar uma informação e trouxe duas boas notícias e outra desanimadora.



As boas são que a Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB) encaminhou a proposta do "Ano Internacional da Biologia" a dois organismos internacionais, a International Union of Biological Sciences e a International Union of History and Philosophy of Science, que já aprovaram a iniciativa. Agora o movimento ganha força internacional. Força que só cresce se incluírmos os eventos e festividades internacionais programadas para 2009, como o DARWIN 200 e o Darwin 2009, eventos dos quais ainda vamos falar muito.




No entanto, a má notícia é aquela que Darwin não gostaria muito de ler: quando a proposta foi encaminhada para a UNESCO, a resposta recebida foi que 2009 já havia sido declarado o "Ano Internacional da Astronomia". Ou seja, toda a velocidade de guepardo dos biólogos para encaminhar a proposta não foi pário para a velocidade da luz dos astrônomos. Segundo a UNESCO, o ano de 2009 celebrará a Astronomia e suas contribuições para a sociedade e a cultura globais. Destacará os méritos da ciência e seus métodos. As Nações Unidas elegeram 2009 o Ano Internacional da Astronomia (IYA 2009), e designou a UNESCO a agência líder nas comemorações.





Completamente louvável, pois é sempre bem vinda comemorações que destacam os méritos e métodos da ciência. Ainda mais da Astronomia uma das mães das ciências. Assim, muitos finalmente entenderão de uma vez por todas que Astronomia não é astrologia! Porém, a própria UNESCO não justificou a escolha. Ao passo que para o "Ano Internacional da Biologia" temos justificativas mais do que solenes, temos os 200 anos de Darwin, os 150 anos do "Origens das Espécies", os 200 anos do "Filosofia Zoológica" de Lamarck e os 180 anos de falecimento de Lamarck.



E pensar que tem físico aplicando a Seleção Natural ao Universo inteiro. Em que os buracos negros, sugando matéria, seriam como gametas cósmicos se preparando para um Big-Bang próximo. Como o nosso universo surgiu por um Big-Bang, o físico Lee Smolin, propôs que os Universos com mais chances de existir na competição com outros Universos no imensurável Multiuniverso seriam aqueles com mais buracos negros. Pois deixariam mais descendentes com essas caracteristicas: maior número de buracos negros. Espero que alguns astrônomos e físicos, seres com uma excelente noção para medidas exorbitantemente gigantescas, reconheçam a imensidão abrangida pelas idéias de Darwin.



Darwin, mesmo abatido, vai ter todas as comemorações que lhe cabem. Tanto a Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB) quanto outras instituições vão organizar eventos relativos a Darwin e ao Origens das Espécies. É o caso da São Paulo Research Conference que já está com data marcada. Em agosto, nos dias 20, 21 e 22 de 2009 realizará o evento: Darwin e "A origem das Espécies", 150 anos depois. Mas ao contrário da Teoria de Evolução, que centraliza tudo dando sentido na Biologia, nas comemorações de 2009 não existá uma centralização de tudo, "como deveria haver" - ressalta o Administrador da ABFHiB.



Então, o "Ano Internacional da Biologia" conta, por enquanto, com o apoio da International Union of Biological Sciences e da International Union of History and Philosophy of Science, mas não da UNESCO nem da Nações Unidas. Que definitivamente não tem a cabeça em Darwin mas sim nas estrelas.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Dica de Livro - A Tripla Hélice


Nascido em 1929, geneticista renomado de Harvard e aluno do memorável T. Dobzhansky, Richard Lewontin põe em xeque visões simplistas sobre genética e evolução, ataca o determinismo genético e ressalta a complexidade dos processos biológicos advindos das inter-relações entre gene, organismo e ambiente. A Tripla Hélice é um livro curto e direto, composto de quatro capítulos, fruto de conferências que deu em Milão e acrescido do último capítulo. Escrito em linguagem simples e envolvente e oferecendo raciocínios complexos seu livro permite uma leitura interessante e proveitosa para todos da área biológica atentos aos modos como sua ciência vem sendo feita, patrocinada, ensinada e divulgada.



No primeiro capítulo, Gene e Organismo, Lewontin faz uma profunda análise das inter-relações entre gene e organismo na formação do fenótipo durante o desenvolvimento e condena a separação entre ambos. Ele ressalta os perigos das metáforas na ciência, esclarece mal-entendidos mais comuns sobre DNA, gene e genoma e relativiza a importância do seqüenciamento do genoma humano dizendo que os genes são apenas uma parte, não isolada do ambiente, do desenvolvimento do organismo.



Para Lewontin, a linguagem metafórica é indispensável à ciência, porém é muito perigosa já que é comum confundirmos a metáfora com o objeto de pesquisa. Por isso, endossa a frase de que “o preço da metáfora é a eterna vigilância”-. O foco de sua vigilância desse capítulo é desconstruir a noção pretensiosa de que é possível prever o organismo através da seqüência do DNA, de que o genoma humano seqüenciado é saber “o que é” ser humano, de que o DNA é “auto-replicante” num sentido de auto-suficiência, de que o DNA sozinho “produz” novas proteínas e que em isolado a seqüência do DNA é o “santo graal” da Biologia.



Na busca das raízes dessas concepções errôneas, Lewontin chega à filosofia da ciência, à etimologia e à metodologia em genética humana. Em Descartes ele identifica nossa tendência em dar mais valor epistemológico ao objeto do que em suas inter-relações internas e externas. No debate pré-moderno sobre a geração orgânica, em que pré-formacionistas e epigenistas buscavam explicar o desenvolvimento, ele identifica resquícios de pré-formacionismo na supervalorização do gene como a “causa” do organismo. Até a origem da palavra desenvolvimento tem marcas pré-formacionistas, pois sua raiz é a mesma para o processo de revelação fotográfica. Nesse sentido, o filme fotográfico já contém todos os elementos da foto e a seqüência genética já contém todas as “informações” do organismo. Assim como no processo de revelação, os banhos químicos dão as condições necessárias para o aparecimento da foto, o ambiente é visto apenas como dando as condições necessárias, normais, para o aparecimento do organismo durante o processo de desenvolvimento ontogenético.



As metodologias científicas disponíveis também influenciam as concepções errôneas envolvendo genes e desenvolvimento. A genética humana usa muito as mutações drásticas como método de investigação da importância de um gene no desenvolvimento. Mas apenas a minoria das mutações é do tipo drástico e o efeito mutado é facilmente tido como “causado” apenas pelo gene mutado. A Biologia Experimental é limitada em manipular uma causa por meio de grandes mutações, o que faz com que os biólogos experimentais confundam as limitações metodológicas dos experimentos com as explicações corretas dos fenômenos. E isso leva ao pensamento de que toda a diferença individual está nos genes.



Na verdade o desenvolvimento ontogenético é uma interação singular entre genes, a seqüência temporal dos ambientes externos e eventos aleatórios, que é o ruído do desenvolvimento. Essa interação singular entre gene e ambiente é tal que o ordenamento dos fenótipos não apresenta nenhuma correspondência com nenhum ordenamento a priori dos genótipos e dos ambientes em separado. E essa não correspondência ainda é complexificada pelo ruído do desenvolvimento.



No segundo capítulo, Organismo e Ambiente, Lewontin analisa o pensamento adaptacionista, sua origens históricas e ressalta as inter-relações entre organismo e ambiente condenando a separação entre ambos e descontruindo o papel passivo do organismo frente ao ambiente. Darwin, ao inaugurar o pensamento evolucionista por meio a seleção natural, fez uma separação entre processos internos e externos. A variação individual é fruto de processos internos independentes e a seleção é fruto de processos externos independentes. Essa distinção foi importante, pois desmistificou o holismo obscurantista entre orgânico e inorgânico existente na época, mas não nos ajuda mais agora.




Os ecos dessa concepção inicial são encontrados em metáforas para a adaptação como a que o organismo propõe e o ambiente dispõe, que o organismo faz conjecturas e o ambiente as refuta, ou ainda a que o ambiente lança problemas e os organismos lançam soluções aleatórias. A idéia errônea subjacente a essas concepções é que o ambiente de um organismo é casualmente independente dele e que as alterações ambientais são autônomas e desconectadas com as alterações na própria espécie. Para Lewontin o processo evolutivo real é mais captado pelo processo de construção, o que torna mais ativa a participação do organismo nas suas pressões seletivas.



Segundo Lewontin, não existe organismo sem ambiente assim como não existe ambiente sem organismo. Há uma confusão clássica entre o fato da existência do mundo físico externo ao organismo que continuaria a existir na sua ausência e a afirmação de que os ambientes existem sem e independente dos organismos. Os ambientes não são simples condições físicas, são os espaços funcionais definidos pelas atividades dos próprios organismos. Os organismos determinam os aspectos do mundo exterior que são relevantes para eles e constroem ativamente um mundo a sua volta, promovendo um processo constante de alteração ambiental na medida em que as condições relevantes se tornam parte de seu ambiente.


No terceiro capítulo, Partes e Todos, Causas e Efeitos, Lewontin aponta as dificuldades da aplicação das explicações analítico-mecanicistas aos seres vivos, ressalta as singularidades e complexidades dos processos biológicos e integra as inter-relações de gene e ambiente com as de organismo e ambiente. O êxito oportunista do modelo analítico de Descartes levou a uma concepção simplista das relações entre partes e todos e entre causas e efeitos. E quando é aplicado ao estudo dos organismos o modelo “máquina” apresenta dificuldades advindas da incompatibilidade entre sua simplificação e as características singulares dos seres vivos.


Os seres vivos possuem tamanho intermediário entre o micro-cosmo e o macro- cosmo, são internamente heterogêneos de maneiras relevantes para suas funções vitais e entram em relações causais complexas com outros sistemas heterogêneos. Dadas essas características a separação entre causa e efeito se torna problemática, pois o organismo é um nexo de um grande número de forças internas e externas fracamente determinantes, sendo nenhuma dominante, e não há um único e óbvio modo de dividir um organismo em “órgãos” apropriados para a análise causal de funções diferentes. Além disso, os processos orgânicos apresentam uma contingência histórica que impede explicações e generalizações universalistas.



As relações recíprocas entre Gene, Organismo e Ambiente, os elementos da Tripla Hélice, são ressaltadas. Os organismos não estão codificados nos seus genes porque o ambiente em que o desenvolvimento ocorre tem que ser considerado. E o ambiente está codificado nos genes do organismo uma vez que as atividades do organismo é que constrói o ambiente. Então gene e ambiente causam o organismo via desenvolvimento, genes e organismos causam o ambiente via ecologia e organismo e ambiente co-evoluem causando as pressões seletivas sobre os genes.



No capitulo final, Direções no Estudo da Biologia, Lewontin menospreza as alternativas ao reducionismo vindas da física, ressalta as características únicas dos sistemas vivos e fecha com um otimismo para futuras pesquisas e descobertas na Biologia. Frequentemente cientistas de diversas áreas não biológicas reconhecem que o modelo “máquina” fracassou para explicar a vida. O problema é que eles assumem que uma solução melhor deve vir de fora como da física, sem perceberem que o modelo falha justamente por não compreender os seres vivos em seus próprios termos. As tentativas nesse sentido mais famosas são a da aplicação da teoria da catástrofe, da teoria do caos, e da complexidade aos organismos vivos.



Os sistemas biológicos são sistemas abertos internamente heterogêneos e históricos. De sua característica aberta advém a flexibilidade universal dos limites entre o interior e o exterior. E de sua heterogeneidade interna advém que a forma é requisito para entender as funções e daí o perigo de fazer extrapolações de exemplos convenientes para toda a Biologia, como no caso das mutações drásticas como modelo para compreender “o papel” dos genes.





Nos capítulos anteriores Lewontin vigilantemente ressaltou e ilustrou aspectos que para ele são bem conhecidos, em algum nível da consciência, por todos os biólogos. A Biologia não precisa de novas leis e novos princípios explicativos, mas necessita de uma compreensão menos simplista e mais integrativa de seus processos segundo suas próprias características singulares. Apresentar e desconstruir os viéses e as simplificações das concepções sobre gene, organismo e ambiente e incorporar os novos conceitos às metodologias de pesquisa foram as maneira encontradas por Lewontin para que novos conhecimentos sejam incorporados à estrutura das explicações biológicas.
“A Tripla Hélice – Gene, Organismo e Ambiente” Richard Lewontin. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

1,99 centenas para Darwin no Dia de Darwin




O valor de 1,99 está relacionado a ítens de baixa qualidade ou a propaganda que ilude o consumidor. Mas nesta terça feira dia 12 de Fevereiro o valor não estará associado nem baixa qualidade muito menos a propaganda enganosa. Muito pelo contrário, ele receberá sua atribuição mais honrosa: a de 1,99 centenas de anos para Charles Darwin.

Darwin nasceu no dia 12 de Fevereiro de 1809 e este ano ele faz 199 anos. Não é uma data para se passar em branco. No mundo todo o dia 12/02 é celebrado como o DARWIN DAY a Global Celebration of Science and Humanity.

A Darwin Day Celebration se embasa na premissa de que a ciência, assim como a música, é uma linguagem internacional que fala a todas as pessoas de um modo similar. E que Charles Darwin é um símbolo tão importante do pensamento moderno a ponto de merecer nosso foco na elaboração de uma Celebração Global da Ciência e da Humanidade que promova uma ligação comum entre todas as pessoas da Terra.

Desde 1995, quando foi realizado o primeiro evento “oficial” na Stanford University (EUA) por iniciativa de Robert Stephens, instituições ou grupos de cientistas espalhados pelo mundo celebram o Dia de Darwin, um tributo à obra científica do naturalista inglês e, mais amplamente, uma forma de promoção da educação em ciência. Antes disso outros eventos já celebravam a data, como o “Darwin Festival”,da Salem State College, de Massachusetts, que acontece desde os anos 80. E em 2008 também ocorrerá outro Darwin Festival em Shrewsbury.

Hoje a organização Darwin Day Celebration, conta com milhares de associados e incentiva, organiza e auxilia eventos públicos de divulgação da ciência em cerca de 13 países. As comemorações são realizadas sempre por volta do dia 12 de fevereiro. Os vários eventos programados para 2008 no mundo já estão disponíveis no DarwinDay.org.

Além disso, Darwin que quase foi expulso do HMS Beagle pelo comandante Fritz Roy quando criticou a escravidão no Brasil nasceu no mesmo dia e ano de Abraham Lincoln, o homem que emancipou os escravos norte-americanos. Juntos Darwin e Lincoln deixaram legados respeitáveis dignos de uma Celebração Global da Ciência e da Humanidade.

No Brasil a primeira celebração do Dia de Darwin foi realizada em 2005 no Rio de Janeiro. Uma das cidades visitadas por Charles Darwin em vida durante a viagem do HMS Beagle e agora em morte com a Exposição DARWIN: Descubra o Homem e a Teoria que Revolucionou o Mundo, de 23 de janeiro a 13 de abril no Museu Histórico Nacional.

A escolha do Rio para a primeira celebração nacional do Dia de Darwin foi bastante apropriada, por conta da polêmica gerada pela adoção, nas escolas estaduais, do ensino do criacionismo. Aliás, a celebração do Dia de Darwin não é só uma afirmação da educação de ciência e da teoria evolutiva, mas também uma manifestação contra o movimento criacionista.


Nesse 2008, no Rio de Janeiro, a Livraria da Travessa do 2º piso do shopping Leblon abrigará, pelo quarto ano consecutivo, a celebração do Dia de Darwin. No dia 14, quinta feira às 20h ocorrerá um ciclo de palestras: Darwin e a viagem do Beagle com Prof. Nelio Marco Vicenzo Bizzo.

As palestras deste ciclo pretendem situar a vida e a obra de Charles Darwin e a sua influência não só sobre a biologia como também em outras áreas do conhecimento e na visão de mundo contemporânea. O Dr. Nelio Marco Vicenzo Bizzo, professor titular da USP, apresentará sua visão original sobre a importância da viagem do Beagle para Charles Darwin onde os Andes aparecem como
protagonistas dessa história no local comumente atribuído às ilhas Galápagos.


Em São Paulo, o Dia de Darwin é celebrado desde 2006 no Museu de Zoologia da USP. Os eventos contaram sempre com várias palestras relevantes sobre diferentes aspectos do darwinismo, ministradas por ilustres professores. Os temas e palestrantes bem como as filmagens das palestras de 2007 estão disponíveis no site do MZUSP.

Essa iniciativa das gravações on line é simplesmente incrível. Aliás, toda a iniciativa brasileira envolvendo o Dia de Darwin desde a pioneira do Rio tem como principais idealizadores e organizadores os pós-graduados pelo Museu de Zoo: Maria Isabel Landim e Cristiano Moreira. Os mesmos que participaram como coordenadores científicos da Exposição Darwin no MASP. Eles estão de parabéns por todas as iniciativas e
espero que a dedicação e empolgação deles inspire muitos outros profissionais a realizar muitos eventos, principalmente no ano que vem – 2009 - o ANO DA BIOLOGIA.

Neste ano, o Dia de Darwin em São Paulo será celebrado no dia 16 de fevereiro sábado. Ingresso do Museu de Zoologia da USP é de R$ 2,00 (meia entrada para estudantes e idosos). Será o dia todo com palestra, mesa redonda e filme.

Pela manhã: 11h
- palestra com Nelio Bizzo (FEUSP) - "A teoria hereditária de Darwin".
Pela tarde: 14h
- mesa-redonda
Mário de Pinna - "Padrões na natureza e a teoria evolutiva."
Mário de Vivo - "Biogeografia e a teoria evolutiva."
Hussam Zaher - "Tempo geológico e a teoria evolutiva."

A palestra e a mesa-redonda serão transmitidas pela internet, através do serviço de IPTV da USP. Perguntas aos palestrantes podem ser encaminhadas para o email: darwin.mzusp@gmail.com (colocar "pergunta" no assunto do e-mail).
Mais tarde: 16h - Projeção do documentário "Darwin nos Andes".
Além disso haverá oficinas de Biodiversidade e Seleção Natural para as crianças.

Paulistanos esse evento é imperdível! Afinal o que são 1,99 Reais por 1,99 centenas para Darwin.
Aproveitem o Dia de Darwin no Rio de Janeiro e em São Paulo pessoal!! E os outros Estados vamos animar para as festividades biológicas desse ano e do ANO DA BIOLOGIA no Brasil.
Feliz DIA de DARWIN!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

2009 o "ANO DA BIOLOGIA"

O ano de 2005 foi considerado pela UNESCO como o "Ano Mundial da Física" em comemoração aos trabalhos de Albert Eisten publicados em 1905. Pelo mundo todo houve comemorações e tributos. Uma ampla variedade de eventos bem sucedidos permitiram que o entusiasmo dos físicos contagiasse muitas platéias diferentes ao longo do mundo.

Será que a Biologia tem alguma data assim tão cientificamente importante? Mas é claro que sim!

Darwin nasceu em 1809 e 50 anos depois publicou "A Origem das Espécies" em 1859. O livro que se esgotou no dia de seu lançamento é tão importante que ganhou em 2006 até um biografia própria.

Em "A Origem das Espécies de Darwin - Uma Biografia" a autora Janet Browne mostra como A Origem das Espécies pode reivindicar para si o papel de maior livro científico já escrito no mundo.

A revolução darwinista é ao mesmo tempo científica e filosófica, e uma não poderia ter ocorrido sem a outra. Foram os preconceitos filosóficos dos cientistas, mais do que a falta de evidências científicas, que impediu de ver como a teoria poderia realmente funcionar. Mas esses preconceitos com relação à filosofia que tinham de ser eliminados possuíam raízes profundas demais para ser deslocados pelo simples brilhantismo filosófico. Foi preciso um irresistível desfile de fatos científicos obtidos com muita dificuldades para forçar os pensadores a levarem a sério a nova perspectiva proposta por Darwin.

Quase todo componente do sistema de crenças do ser humano moderno é afetado, de alguma maneira, por uma ou outra das inovações conceituais de Darwin. Sua obra como um todo é o fundamento de uma nova filosofia da biologia, que se desenvolve rapidamente. Não pode haver dúvida de que a maneira de pensar de toda pessoa ocidental moderna foi profundamente afetada pelo pensamento filosófico de Darwin. Então, não existe forma melhor de reconhecer a extraordinária contribuição de Charles Robert Darwin para a ciência moderna do que fazermos do ano de 2009 o "ANO DA BIOLOGIA".

Além disso, algo que poucos lembram, mas 1809, o ano em que Darwin nasceu, é a data da publicação do "Filosofia Zoológica", o livro em que Jean-Baptiste Lamarck apresentou sua teoria da evolução. Lamarck é muito injustiçado atualmente, pois ficou conhecido como o homem que errou a teoria da evolução. Mas foi Lamarck quem começou a usar o termo “Biologia” para designar a ciência que estuda os seres vivos e foi ele também que fundou os estudos de paleontologia dos invertebrados. Ele foi uma dos principais transformistas que defendiam que os seres vivos mudam ao longo do tempo, evoluem. E assim como Darwin ele também tem uma data de vida relacionada à data de publicação de seu livro, pois Lamarck morreu em 1829.

Então em 2009, Darwin fará 200 anos, o "Origem das Espécies" fará 150 anos, o "Filosofia Zoológica" fará 200 anos e Lamarck fará 180 de falecimento. Simplesmente é motivo de sobra para fazermos de 2009 um excelente oportunidade para promover exposições, cursos, congressos, palestras, publicações, blogs e outras atividades relacionadas com a Biologia, sua história e filosofia.

A Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia está convidando todos seus associados, historiadores, educadores e demais organizações para somar esforços para fazer do ano de 2009 o "ANO DA BIOLOGIA". E ela se empenhará, colaborando com outras entidades, para desenvolver um grande número de atividades comemorativas ao longo de 2009 de maneira que biologia evolutiva possa ser entendida de forma adequada como parte do conhecimento científico da atualidade.

Peço para que todos aqueles seres vivos, cientistas, filósofos, historiadores, professores, alunos, principalmente aqueles dos centros acadêmicos somem esforços para divulgar e biologizar o ano de 2009. Que já é no ano que vem!!! E que não existem mobilizações nem manisfestações nesse sentido, além da Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia.

E para aqueles que acham que temos muito tempo é bom lembrarmos que nesse 2008 que acabamos de começar vamos comemorar 150 ano que Charles Lyell e Joseph Dalton Hooker fizeram com que o artigo de Darwin e Wallace fosse apresentado no encontro da Sociedade Linnaeana em 1858. Justamente o artigo que apresentou ao mundo a Teoria da Seleção Natural. É bom já irmos esquentando as velinhas de comemorações.

Dicas de Livros em Psicologia Evolucionsta



Durante a elaboração do Especial Psique de Psicologia Evolucionista reuni uma lista de livros da área e relacionados, mas devido às restrições editoriais só saíram alguns. Agora incluo nesse blog a lista completa de livros brevemente comentados, separados em internacional, por pesquisadores e por divulgadores.

Em inglês:

  • The Handbook of Evolutionary Psychology. Buss, D. M. (Ed.), New Jersey: Wiley, 2005, 1028 p.

Esse livro é o Handbook mais atual e mais completo sobre a Psicologia Evolucionista. É fruto de uma contribuição única de 66 autores escrevendo capítulos distribuídos em partes sobre as fundações da Psicologia Evolucionista, sobrevivência, acasalamento, parental e parentesco, vivência em grupo, aplicação evolutiva a disciplinas tradicionais da Psicologia e a outras disciplinas como a Literatura e o Direito.


  • The Evolution of Mind: Fundamental Questions and Controversies Gangestad, S. W. & Simpson, J. A. (Eds.), New York, Guilford, 2007, 448 p.

Esse livro é o livro mais atual sobre Psicologia Evolucionista, aborda temas fundamentais e controvertidos. É produto de um empenho colaborativo de 47 autores escrevendo capítulos curtos distribuídos nas temáticas: reconstrução da evolução da mente humana, rastreando a evolução atual, nossos ancestrais mais próximos, explicando os custos e benefícios de comportamentos, modularidade da mente, o desenvolvimento como um alvo evolutivo, seleção de grupo, mudanças chaves na evolução da psicologia humana, evolução do cérebro, habilidade intelectual geral, cultura e evolução, evolução do acasalamento.

  • Introducing Evolutionary Psychology. Evans, D. & Zarate, O., Cambridge: Incon Books, 1999, 176 p.

Esse é o livro mais didático sobre Psicologia Evolucionista, pois é ricamente ilustrado e assim os conceitos são passados de forma descontraída e eficiente. Apresenta caricatura de todos os autores e estudos clássicos da Psicologia Evolucionista. No final esclarece os mal-entendidos mais freqüentemente cometidos sobre esse tema e ainda oferece dicas de leituras. Aborda os temas centrais da teoria evolucionista, como as diferenças entre a mente humana e de nossos parentes mais próximos, os primatas e as diferenças na psicologia de homens e mulheres.

Traduzidos: 1. Pesquisadores

  • Como a mente funciona. Pinker, S. Tradução L. T. Motta. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, 66 6 p.

É a mais completa explicação sobre Psicologia Evolucionista traduzida. Apresenta detalhadamente a revolução da Psicologia Cognitiva e por fim sua fusão com a Biologia Evolucionista. O autor aborda questões como o modo pelo qual as crianças aprendem, como tomamos decisões ou enfrentamos riscos e os mecanismos por trás de fenômenos como criatividade, sensibilidade, amor, confiança. Pinker lança mão de pelo menos duas bases teóricas, o evolucionismo de Darwin e a ciência cognitiva.

  • Tábula rasa. Pinker, S., Tradução L. T. Motta. São P aulo: Companhia das Letras, 2004, 672 p.

É a mais profunda análise dos aspectos envolvidos na não aceitação de idéias evolucionistas pelas ciências Sociais e Humanas. Depois de resolver detalhadamente os medos por traz da resistência à aplicação das idéias Darwinistas ao ser humano ele aborda a Psicologia Evolucionista relacionada com a política, violência, gênero, crianças e artes. É o mais recomendado para as pessoas das áreas de Humanas e Sociais conhecerem, sem preconceitos, a Psicologia Evolucionista.

  • A Mente Seletiva. Miller, G. Tradução D. Batista. Rio de Janeiro: Campus, 2001, 540 p.

É o melhor livro sobre a importância da “outra” teoria de Darwin, a seleção sexual, para a Psicologia Evolucionista. Miller explica o grande esquecimento da teoria da seleção sexual durante todo o século XX e aplica os conceitos modernos de seleção sexual aos estudos atuais das adaptações mentais humanas. Ele faz um contraponto e complementa a visão de Pinker e aborda assuntos como a arte, a linguagem, a moralidade e a criatividade.


  • A Paixão Perigosa: Por que o ciúme é tão necessário quanto o amor e o sexo. Buss, D. M. Tradução M. Campello. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, 277p.

Buss, um dos pioneiros no mundo em Psicologia Evolucionista, oferece uma instigante e bem humorada perspectiva evolutiva sobre o ciúme, infidelidade, crimes passionais e desejo sexual, emoções humanas poderosas e universais.



  • Anatomia do Amor: A história natural da monogamia, do adultério e do divórcio. Fisher, H. E. Tradução M. Lopes e M. Carbajal. Rio de Janeiro: Eureka, 1995, 430 p.

Esse livro aborda brilhantemente e interdisciplinarmente a origem, a evolução ancestral pré-histórica e o futuro da sexualidade humana, incluindo a paquera na seleção de parceiros, a paixão, o amor romântico, o adultério, o divórcio e o re-casamento.


  • Mãe Natureza: Uma visão feminina da evolução . Hrdy, S. B. Tradução Rio de Janeiro: Campus, 2001, 704 p.

Esse livro aborda a maternidade sob as perspectivas evolutivas e comparativas, e mostra que muitas das emoções que informam as decisões reprodutivas das mulheres nos dias de hoje foram moldadas em um passado distante. Ela discute as complexidades e as diferentes atitudes comumente simplificadas como instinto materno.




  • Guerra de Esperma. Baker, R. Tradução G. Z. Neto. Rio de Janeiro: Record, 1997, 402 p.

Esse livro aborda amplamente a sexualidade humana relacionada com a competição espermática. Ele brilhantemente usa um conto erótico sobre cada aspecto da sexualidade para situar, ilustrar e instigar o leitor. Depois aborda cientificamente assuntos como infidelidade, conflito sexual, masturbação, polução noturna, escolha de parceiros, aprendizagem sexual, prostituição e homossexualidade.


  • Não Há Dois Iguais: Natureza humana e individualidade. Harris, J. R. Tradução R. Gouveia. São Paulo: Globo, 2007, 471 p.

Nesse livro comenta e às vezes desconstrói as teses mais aceitas pela ciência moderna. Idéias antigas, como o determinismo genético e a preponderância ambiental, caem por terra, enquanto o evolucionismo é tomado como objeto de estudo primordial no estudo da individualidade humana. Nesse caminho, a autora envereda por algumas áreas fascinantes do conhecimento, abordando tanto os experimentos clássicos da psicologia social quanto às últimas contribuições das pesquisas em neurociências. Praticamente nada escapa a seu olhar abrangente: gêmeos, autismo, o comportamento dos chimpanzés e a organização social das formigas.

  • A Perigosa idéia de Darwin: a evolução e os significados da vida. Dennett, D. C. Tradução T. M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 1995, 612 p.

É o melhor livro sobre a dimensão filosófica da evolução biológica e suas implicações em todas as ciências, bem como para o entendimento da mente humana. O livro expõe as controvérsias atuais: sobre a origem da vida, a sociobiologia, a evolução da linguagem e da cultura e a ética evolutiva. Ele revela os anseios filosóficos, até religiosos, que têm distorcido as disputas entre cientistas e leigos. E, de forma polêmica, mostra que alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos são simplesmente incapazes de esconder o mal-estar diante da grande idéia de Darwin. Este livro explica por que é uma idéia tão convincente, e por que promete oferecer – e não ameaçar – novos fundamentos para as nossas mais caras maneiras de conceber a vida.

  • A Verdade sobre Cinderela: Uma visão Darwiniana do Cuidado Parental. Daly, M. & Wilson, M. Coimbra: Quarteto, 2001, 345 p.

É cem vezes mais provável um padrasto abusar de uma criança, ou mesmo matá-la, do que um pai genético. Esta descoberta assustadora foi trazida à luz do dia por dois cientistas canadianos que profetizaram, baseados em teorias darwinianas, que a ortodoxia official, que ignora os laços familiars, obscurece os perigos cada vez maiores em que incorrem as crianças que vivem em famílias adoptivas. Esta ameaça, embora seja um tema recorrente de lendas populares por todo o mundo, tem sido escandalosamente negligenciada pelos politicos e pela mídia. Mas por que terá o parentesco um efeito assim tão profundo? Numa aplicação clássica da teoria evolucionista, Martin Daly e Margo Wilson apresentam-nos evidências de sociedades de todo o mundo para nos contarem, pelo menos, a verdade darwiniana sobre Cinderela.

2. Divulgadores

  • O Animal Moral: porque somos como somos: a nova ciência da psicologia evolucionista. Wright, R., Tradução L. Wyler. Rio de Janeiro: Campus, 1996, 416 p.

Apresenta a Psicologia Evolucionista traçando um paralelo interessante com a biografia de Charles Darwin. Aborda temas como sexo, romance e amor, cimento social como família e amigos, conflitos sociais e morais da história como ética e religião.




  • As origens da virtude: um estudo biológico da solidariedade. Ridley, M. Tradução B. Vargas. Rio de Janeiro: Record, 1996, 332 p.

Esse livro é muito bem escrito e aborda os aspectos evolucionistas da solidariedade humana. Engloba temas como a preservação ambiental em bens públicos e presentes privados, sentimentos morais, tribalismo, guerra, comércio, religião e propriedade.





  • O que nos faz humanos: genes, natureza e experiência. Ridley, M. Tradução R. Vinagre. Rio de Janeiro: Record, 2004, 399 p.

Esse livro é o melhor livro sobre a superação da dicotomia inato X aprendido. Ele mostra como processos genéticos estão entrelaçados nos processos aprendidos. Brilhantemente ele mostra como a natureza ocorre via a criação abordando a biografia de doze barbudos Charles Darwin, Francis Galton, Willian James, Hugo De Vries, Ivan Pavlov, John Watson, Emil Kraepelin, Sigmund Freud, Emile Durkheim, Frans Boas, Jean Piaget, Konrad Loranz. Veja maiores detalhes: O que nos faz humanos no Científica Mente

  • Instinto Humano: como nossos impulsos primitivos moldaram o que somos hoje. Winston, R., Tradução M. M. Ribeiro e S. Mazzolenis. São Paulo: Globo, 2006, 431 p.

Esse é o livro escrito pelo autor da série da BBC Instinto Humano e divulgado pelo Fantástico por Lazaro Ramos na série com o mesmo nome. Ele faz um apanhado geral sobre os temas estudados pela Psicologia Evolucionista como: sobrevivência, desenvolvimento, sexo, família, seleção sexual e risco, violência, moralidade e espiritualidade. Winston oferece explicações científicas de modo claro a partir da elucidação de questões prosaicas como porque um bebê recém-nascido sabe mamar ou porque salivamos diante de um belo prato de comida.

  • A Culpa é da Genética. Burnham, T. & Phelan, J., Tradução C. I. Costa. Rio de Janeiro: Sextante, 2002, 240 p.

Esse livro mostra de forma acessível e bem humorada a influência dos genes, via instintos, em nosso comportamento e inclui dicas para lidar melhor com eles em nosso ambiente atual. Aborda temas cotidianos como dívidas, gordura, drogas, risco, ganância, gênero, beleza, infidelidade, família, amigos e inimigos.


Nacional:

  • O Pensamento de Animais e Intelectuais: Evolução e Epistemologia. Werner, D. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1997, 195.

Esse é o único livro nacional relacionado à Psicologia Evolucionista. Nele é abordada a evolução de diferentes formas de pensar e suas implicações epistemológicas, bem como o papel de nossos vieses cognitivos em elaborar e avaliar idéias. São discutidos temas como formas de encarar a realidade, formas elementares de pensar, senso comum, formas intelectuais de pensar e formas antropológicas de pensar. Werner, que é antropólogo, aborda a evolução da cognição sob o ponto de vista darwinista.