



A Biologia histórica lida com todos os aspectos que abrangem a evolução. O conhecimento histórico não é necessário para a explicação de um processo de funcionamento puramente mecanicista. No entanto, é indispensável para a explicação de todos os aspectos do mundo vivo que envolvem a dimensão do tempo histórico (Mayr, 2005).


Uma delas nos dirá que a duração do dia, ao atingir um valor crítico, desencadeia uma resposta hormonal e neurológica que inicia a migração. A outra trará informações sobre como a resposta hormonal e neurológica veio a existir, e nos dirá que a espécie adaptou-se à variação
sazonal da disponibilidade de alimento sincronizando seu deslocamento com as estações do ano. O que se deu pela reduzida mortalidade das variedades que possuíam mecanismos hormonais e neurológicos com maior sensibilidade para a pista ecológica sazonal de migração (Ferreira, 2003).

Dadas as diferenças de enfoques, os dois campos da Biologia diferem na natureza das discussões mais frequentes. Em ambos os campos se fazem perguntas de tipo “O quê?” para obter fatos necessários para a análise.

Enquanto que a Biologia histórica explica por quê um fenômeno ocorre por meio de uma resposta a uma pergunta sobre para quê ele ocorre, ou seja, a explicação é centrada na razão de sua existência. A forma da resposta da Biologia histórica à pergunta “Por quê?” remete ao valor adaptativo e à história filogenética do grupo em questão.

Até no nível molecular não se pode fazer Biologia sem se perguntar quais as razões daquilo que está sendo estudado. É preciso perguntar “Por quê?”. Darwin não mostrou que não devemos fazer tais perguntas, ele nos mostrou como respondê-las. Darwin explica um mundo de causas distais com um princípio que é, sem dúvida, mecanicista porém no fundo totalmente independente de significado e propósito (Dennett, 1995).
Os dois níveis de causação e as duas Biologias não estão hierarquicamente estruturadas, são independentes e de um grande valor heurístico para uma visão integrada de qualquer aspecto da Biologia. Apesar dessa possível independência, é no trânsito entre esses níveis de causação, em termos de reflexões integradoras, que se encontra uma contribuição especialmente útil para a produção de novas hipóteses e de novos entendimentos, pois eles representam um arcabouço teórico e metodológico coerente e complementar para o estudo dos fenômenos biológicos.
Referências
Dennet, D. C. (1995). A Perigosa Idéia de Darwin: a evolução e os significados da vida. Rio de Janeiro: Rocco.
Ferreira, M. A. (2003). A Teleologia na Biologia Contemporânea. Scientiae Studia, v. 1, 2: 183-93.
Mayr, E. (1998). O desenvolvimento do pensamento biológico. Brasília: Unb.
Mayr, E. (2005). Biologia, Ciência Única. São Paulo:Companhia das Letras.
Meyer, D. & El-Hani, C. N. (2005). Evolução: o sentido da biologia. São Paulo: UNESP.
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